1 conversaciones 1
(fragmento de meus relatos de viagem - de Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais a Susques, Prov. de Jujuy - maio de 2005)Ao entrar na Província de Salta pela RN16, a paisagem muda, a energia se transforma. Esse processo é muito claro. A ociosidade das terras no norte de Santiago del Estero é muito grande. Em Salta, pela Transchaco, vê-se muitas propriedades onde se cultiva principalmente soja. A paisagem assemelha-se ao cerrado que vi cruzando o centro do Estado do Mato Grosso do Sul em maio de 2002. Estimulante foi avistar o começo da zona de cordilheira ou pre-cordilheira. No final da RN16, pouco antes de entrar na RN9, tem-se a visão da primeira "muralha" no horizonte. Lembrei-me do que disse RAUEN em seus relatos. Que a partir de Salta começava a sua viagem. Ainda não cheguei em Salta capital, mas acho que posso entender o que ele quis dizer. Como escurecia, resolvi ficar em Metán. Foi uma tremenda sorte. A cidade tem seu charme e com o outono a pleno vapor, a folhagem está digna de muitas fotos. Aproveitei e fui visitar um lugar chamado “Posta de Yatasto”, uma construção histórica, uma antiga paragem onde, em 1816, se encontraram personalidades da história da luta pela independência do país: o General Manuel Belgrano e Juan Martín de Pueyrredón, Chefe do Exército do Norte. Lutavam pela liberação de Salta do jugo espanhol. Um belo lugar que fica há cerca de 16km ao sul de Metán. Nas cidades, nas estradas, o cruzar do meu veículo com duas pequenas bandeiras do Brasil no vidro traseiro faz os argentinos contorcerem seus pescoços para tentar identificar de onde vem essa "camioneta" tão estranha: um FIAT STRADA. Alguns buzinam, como quem diz "hola!", outros sorriem espantados. Há ainda os que ficam apenas com o queixo caído pensando sei lá o que. Encontrei muitos caminhoneiros brasileiros pela RN16. Alguém poderia me dizer de onde eles vêm (se da Argentina ou Chile) e o que efetivamente transportam? Bom, amanhã sigo com destino a cidade de Salta, que está aqui pertinho. Preferiria não mais explorar cidades grandes, pois há um certo stress até a gente se situar pelas ruas, mas como Salta está "de moda", e todos falam tão bem dela, não poderia fazer tamanha desfeita aos saltenhos. Hoje, enquanto me dirigia a “Posta de Yatasto”, deu-me uma coceira nas mãos para seguir rumo à Província de Tucuman, e subir por dentro, cruzando Tafí del Valle, e depois a zona do vinho (Cafayate), já em território saltenho. Continua frio e tudo cinza por aqui. Lindo, lindo... Faço idéia o gelo que deve estar lá em cima na Cordilheira. Daqui por diante é só subida. Vamos ver se o efeito do altitude ("soroche") me derruba. Câmbio final. Douglas Fernandes (e-mail: fernandes.douglas@gmail.com)