4 conversaciones. Viendo del 1 al 4 1
(fragmento de meus relatos de viagem – de Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais a Susques, Prov. de Jujuy – maio de 2005)Cachi (Prov. de Salta), 12 de maio de 2005.(...) Fiz uma bela travessia pela famosa "Cuesta del Obispo", cruzando um vale em meio a Cordilheira dos Andes. Ainda no início do caminho, em Chicoana, a mata é bastante densa, algo parecido com o nosso cerrado, melhor dizendo, cerradão. Quando se adentra no vale, definitivamente, o verde desaparece, como um fechar de cortinas. Vê-se claramente o ponto de transição da vegetação. Surgem cactus gigantes ("cardones", como dizem por aqui), como aqueles que vemos em filmes norte-americanos rodados no deserto do Arizona. A cor das montanhas varia do palha, passando pelo laranja, ferrugem, ocre até o marrom. São cerca de 80 km de "rípio" (cascalho) sendo o resto asfaltado (ambos em bom estado de conservação). Cruza-se uma parte do "Parque Nacional Los Cardones", ponto em que a Ruta Provincial 33 atinge aprox. 3.300 metros de altitude. O “soroche” não me abateu. A partir desse ponto o relevo fica plano por alguns quilômetros (altiplano). Em seguida, começa-se a descer novamente. Nunca vi tantos cactus num só lugar. Nada a ver com os mandacarus e xique-xiques encontrados no interior do nordeste do Brasil. Estou na pequena cidade de Cachi, a 157km de Salta capital. Ontem eu usei a palavra "confinar" em minha mensagem, sem saber exatamente o que iria encontrar em meu caminho. Confinamento foi o termo mais adequado que eu poderia ter elegido. A mítica Ruta Nacional 40 (algo como a “Route 66” nos EUA) passa pela cidade. Na verdade, ela cruza todo o país, de norte a sul, sendo que boa parte dela é de "rípio". Por aqui estão os chamados "Valles Calchaquíes". O predomínio populacional da região é de indígenas. Nota-se também uma diferença no acento do espanhol aqui falado. Caminhando pelas ruas da cidade, ouvi uma língua que não pude identificar. Pode ser quechua ou aimará, dos povos pre-colombianos do altiplano. Devo permanecer por aqui amanhã, libertar minha magrela (mountain bike) da caçamba e dar umas pedaladas nesse desertão que é o noroeste argentino. Até a próxima.Cachi (Prov. de Salta), 14 de maio de 2005.Nada de libertar a magrela (mountain bike) para dar uma pedaladas, nada de curtir o entorno de Cachi. (...) Peguei uma tremenda gripe e agora estou de molho, confinado nos Andes, tentando melhorar um pouco e seguir viagem rumo a Província de Jujuy. Para não dizer que não fiz nada de interessante, ontem fiz uma caminhada pelos arredores da cidade, tendo visitado algumas pequenas propriedades de agricultores que cultivam "pimientos". Pude fotografar também o local de trabalho de um tecedor local. A paisagem aqui é dominada pelo Nevado de Cachi, que está a mais de 6.000 metros de altitude, tendo seu pico eternamente coberto de neve. (...)Amanha devo seguir rumo à Provincia de Jujuy, à "Quebrada de Humahuaca". Nesse final de tarde o tempo parece estar começando a mudar novamente. Está chegando uma nebulosidade tremenda do oeste, ou seja, do outro lado da Cordilheira (Chile). Tenho certeza que amanhã de manha o "Nevado de Cachi" estará mais branco do que de costume. Só havia encontrado sol por aqui, mas tudo indica que aí vem mais uma onda de frio. Disseram-me que há duas semanas nevou em Cachi, quando da primeira massa de ar polar advinda da patagônia, a mesma que me fez cruzar o Chaco com chuvas e muito frio. Pelo jeito amanhã a travessia vai ser daquelas. Argentina "gris" e congelante. Até a próxima.Purmamarca (Prov. de Jujuy), 16 de maio de 2005.(...) A descida pela Cuesta del Obispo, uma ladeira zigue-zagueante pela Cordilheira foi ainda mais emocionante que a subida. A promessa lá de cima, em Cachi, indicava mais um dia frio e ensolarado. No final da citada Cuesta uma neblina tomava conta de toda a visão que eu tinha da Província de Salta. Ficava claro que mais uma massa de ar polar havia entrado no Valle de Lerma e região. (...)Douglas Fernandes (e-mail: fernandes.douglas@gmail.com)
